quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Outras vidas...

Outras vidas,
alma vagueando fora do corpo
vibrando em sensações loucas,  
imagens envoltas em mistérios
percorrendo estranhos cenários
estando além de mim. 

deixo a mente
pairar na penumbra
 repensando novas histórias,
 vagueio na aventura
ultrapassando todos os limites
até bem perto
 do não retorno. 

Aí quase pura magia,
 de uma forma simples 
sem explicação,
regresso desse mundo
sombrio e sem cor.

Em completa exaustão
retomo o meu lugar,
desperto para a vida.
Ténues imagens esfumaçadas
desaparecem,
como cortina ocultando cenas
vividas no longínquo palco.
Restam algumas memórias
 um rol de incertezas!

Regressado à vida,
pairando meus ideais
procuro a solução,
não sei se alma
ou pensamento,
 à teoria e à dúvida,
construo mundos
de sonhos e verdades,
juntando algo 
que poderia chamar... 
 realidade, com muita imaginação.

Chove em Siracusa - de Maria Elisa Basto

Chove em Siracusa,
lavando com fúria 
os degraus do teatro Grego
e nas Catacumbas pingando,
julguei ver lágrimas
correndo, dos romanos
sacrificados.

Não sou Romana

nem Grega,
sou Maria
muito triste,
com sangue de plebeu...
chove em Siracusa,
onde se misturam lágrimas
que correm no rosto meu.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Passo a passo...

Passo a passo caminho
num tempo formatado em ciclos,
imposto perante uma sociedade
de autómatos e marionetas
manipuladas,  por um poder
que controla sem deixar
alternativas.

A ritmo do Tic e do Tac...
passo a passo, em sintonia
com a ordem mundial
caminho sem pensar,
queimando momentos
numa sucessão doentia e triste.
A rotina imposta
ocupa o meu espaço
sem permitir
qualquer pensamento.
Num mundo de banalidades
perco o tempo e a energia
em busca de afirmação,
à procura do poder.

Passo a passo...
nego oportunidades ao
pensamento puro
e recuo perante a possibilidade
de navegar nesse espaço,
como é bom mergulhar
no interior da alma
livremente e sem critérios,
sabendo que a cada
porta aberta, em cada
novo caminho,
haverá evolução e equilíbrio...
valores fundamentais
no regresso à vida
e na volta para a rotina.

Tic-tac, ano após ano,
a  longa caminhada...
o nosso Sol nasce e morrerá
lá longe no horizonte,
mergulhando no desconhecido,
retomando um novo rumo.

Para lá do horizonte
só existem pensamentos,
um novo tempo,
um percurso sem rotinas,
sem ciclos...
o poder e a ordem mundial
deixarão de mandar,
a minha mente finalmente
será livre, mas...
revivendo os meus juízos
a evolução da Alma
e os meus pensamentos.
Será que,
embalada no sopro
de um calmo e doce vento,
a alma perdurará
eternamente, navegando
para lá do horizonte...





quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Escrevendo à morte...

Olá morte,

Não faz muito sentido mas a ideia surgiu depois de ter assistido ao filme "Beleza Colateral",  no qual o protagonista representado pelo actor Will Smith, resolve numa fase complicada da vida escrever cartas, ao tempo, ao amor e à morte.

Escrever à morte...embora não saiba muito bem por onde deva começar, acho que tenho muita coisa para te contar, pedindo desculpa pela falta de originalidade, aproveitando a ideia... lá vai:

 - A primeira coisa que te quero dizer é que, sem nunca ter estado contigo, conheço-te relativamente bem pois, ocupamos alguns espaços comuns. Calma, não penses que gasto "tempo" da minha actividade quotidiana, habitualmente designada por "vida" ocupado a pensar em ti. A vida é feita de momentos, cada momento varia entre o caótico e a harmonia, não me posso distrair, aplico a energia que vou tendo e quase na sua totalidade a lutar e vou ser franco contigo...é uma luta desgastante que penso só terminará no dia em que te encontrar, mas vale a pena ... lutar ao lado da harmonia, até vencer (Mama Sumae). Vou-te contar um segredo, o meu lema de vida não é a SORTE, é " A morte protege os audazes".

 - Na verdade, no "tempo vida" também penso em ti, tento entender como será " o depois " e também como era " o antes " de eu existir ou nascer.

 - " Antes de nascer" - neste vazio do passado existe informação à qual poderemos ter acesso, esta informação aparece nos "sonhos dos meu sonos".

- " Nos sonhos dos meus sonos " - Sabes... nos meus sonhos existem aventuras, viagens, confrontos, amizades, lugares e gentes que tu bem conheces, nesta fase muito importante para fortalecer a mente, convivo e ocupo os teus terrenos, vagueio ao sabor do teu vento.

Visitei lugares "sombrios e escuros", sítios muito complicados e que a todo custo devem ser evitados, nunca entendi como lá fui parar, mas sei e recordo que a principal maneira de me libertar é de uma forma violenta quer para a mente, quer para o corpo. Enquanto a mente está numa actividade de confronto o corpo acompanha de uma forma tensa e agitada. Estes sonhos foram ou são importantes, pois fortalecem o carácter e dão poder à mente. A outra forma... quando está complicado o regresso ou a mente está sem força, tens que ter fé e pedir-Lhe ajuda.

Já estive em lugares " cinzentos ", muito menos complicados onde a mente interage em imensas actividades e muitas vezes em diálogos muito interessantes. No regresso destes lugares a mente está confortável e o corpo sempre pronto para iniciar a sua actividade diária.

Por último, o meu sono leva-me a lugares cheios de " luz ", onde a minha mente se sente privilegiada e onde me é permitido recordar situações magnificas, impossíveis de acontecer no meu mundo "vida", o meu corpo flutua, voa junto com a mente numa harmonia indescritível, quando me " liberto do sonho " e regresso, tudo acontece em paz e harmonia.

Quando me liberto do sonho - Queria ou gostava que me explicasses este momento, a separação do mundo dos sonhos é algo que me fascina, este momento é mágico e perfeito...às vezes prolongo este momento obrigando o meu corpo a permanecer inactivo por mais algum tempo, outras vezes o regresso é de tal forma rápido que o meu corpo parece despertar antes da mente, ficando a sensação de que o corpo assiste ao regresso da alma.

Momento mágico - É este o momento em que guarda recordações, até hoje tenho regressado sempre ao mundo a que chamamos " vida ", fica a pergunta, será que poderemos chamar "vida" aos momentos dos nossos sonhos?

Entre as visitas da mente e o regresso, sei que um dia a alma não regressará ao corpo, contei-te sobre os lugares " escuros, cinzentos e iluminados", gostava sem parecer indelicado que nesse dia o lugar que me estiver destinado, seja obtido por todos os actos que eu pratico mas principalmente, seja o resultado de tudo aquilo que eu penso.

Cordialmente

Carlos Basto